quarta-feira, 30 de abril de 2008

Amanhã os Londrinos vão às urnas...


Amanhã os Londrinos vão exercer o seu direito de voto e eleger o Mayor de Londres.
Decidi escrever sobre estas eleições porque as diferenças entre o sistema eleitoral deles e o nosso são algumas e os números muito mais assustadores...
Antes de mais, em Londres as eleições vão decorrer dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador.
Não só não é feriado em Londres e a maioria das empresas está a funcionar dia 1 e 2 de Maio como as pessoas ainda têm de ir votar num dia útil.
Em Portugal, e na maioria dos países europeus, vota-se ao domingo, o dia da semana em que nada se faz e tudo custa muito mais mas que ao menos não se tem de pensar em mais nada e lá se vai votar.
Aqui, pelo contrário, o Dia do Trabalhador é passado a trabalhar e a escolher o Mayor de Londres, ou seja, a tomar decisões difíceis.
Neste momento poderão pensar que aqui há uma maior consciência da importância das eleições e do voto...mas é totalmente o contrário.
As últimas eleições para Mayor de Londres foram em 2004 e a adesão foi fraquíssima. Dos 5.5 milhões de londrinos registados na câmara de Londres para votar apenas 37% usufruiu do seu direito de voto e daqui se tira a conclusão de que tenho falado diversas vezes no meu blog: os londrinos não sentem a cidade como sua. É uma cidade constituída por estrangeiros. Estrangeiros que vêem televisão dos seus países de origem, lêem os jornais e livros dos seus países de origem e, em muitos casos, privam maioritariamente com a comunidade dos seus países por isso o envolvimento com a cidade e a cultura londrina é muito pequeno.
Londres acaba por ser uma cidade de passagem, uma cidade utilitária mas não a sentem como sua.
Querem as coisas feitas, querem as coisas a funcionar mas não consideram que o seu voto seja importante ou vá mudar algo e muitas vezes sentem-se assim porque não se sentem integrados nesta cidade tão utilitária.
Estas são considerações sobre alguns estrangeiros, talvez até bastantes, mas a intenção não é generalizar porque há sempre honrosas excepções e gosto de salvaguardá-las. (Excepções ainda tem P? EHEHEHEH)
Mas além destas questões existem os londrinos, nascidos e criados em Londres, que desconhecem coisas tão básicas como a localização da sua mesa de voto ou a que se referem os boletins de voto. Este desconhecimento por parte dos londrinos atinge tais proporções que o London Paper, jornal gratuito do género do Metro ou Destak mas com uma tiragem à altura, dedicou, na sua edição de hoje, 6 páginas às eleições além de ter disponibilizado informações ainda mais vastas no seu site.
Nessas páginas explicam o que cada boletim de voto significa, simplificam o procedimento e apresentam as ideias dos partidos de forma meramente informativa para tentar que as pessoas estejam um pouco mais alerta para as eleições, mais envolvidas.
A dificuldade em passar a mensagem é de tal forma que foi criado um site, www.votematch.co.uk, no qual podemos descobrir o candidato com quem mais nos identificamos. Todos os candidatos responderam as questões muito simples e de acordo com a nossa escolha podemos saber em "quem vamos votar". Parece um quiz daquelas revistas juvenis como a Ragazza mas, segundo uma jornalista algo respeitada e reconhecida, parece funcionar.
E agora dois factos engraçados:
1 - Cada candidato para concorrer a Mayor paga uma depósito de 10.000 Libras;
2 - O sistema destas eleições não prevê uma 2ª volta e então funciona da seguinte forma: cada eleitor vota na sua 1ª e 2ª escolha, ou seja, aquele em quem realmente acredita e aquele que "até não faz mal ser Mayor". Caso haja um empate dentro das primeiras escolhas dos eleitores, recorre-se aos votos das segundas escolhas e define-se o vencedor. Estranho, não? Mas pensando bem, se só 37% das pessoas vão votar, quem iria à 2ª volta?
Por fim, não vou estar a descrever aquilo que cada partido defende nem os partidos envolvidos nestas eleições mas apenas vou referir que as grandes bandeiras destas eleições são a redução do crime e a melhoria da qualidade e cobertura da rede de transportes públicos.
E a pressão é muito grande porque o Mayor que ganhar estas eleições será responsável pela preparação da cidade para receber os Jogos Olímpicos em 2012 and that's BIG!
Acho que nunca me informei tanto sobre umas eleições mas como ainda não posso votar o interesse pelo funcionamento das mesmas aumenta e muito. Além disso, quando não se tem televisão em casa e se passa muito tempo nos transportes públicos aquilo que se faz é ler os jornais gratuitos. Um pouco mais apertados, com o vizinho do lado a ler por cima do nosso ombro e com a pessoa que vai de pé à nossa frente a empurrar o jornal para a nossa cara constantemente ainda conseguimos aprender algo.
Let the games begin!





terça-feira, 29 de abril de 2008

Aos meus leitores...


Este pequeno post é para vocês!
Vocês que lêem o que escrevo, vocês que tiram algum tempo da vossa vida ocupada para acompanhar a minha vida aqui em Londres, vocês que me dão feedback sobre as histórias que escrevo aqui, vocês que estão SEMPRE aí!
Hoje recebi 5 e-mails sobre o meu blog!!!!

Todos pediam que continuasse a escrever, que continuasse a partilhar os momentos que vivo aqui e que continuasse a alimentar a mente irrequieta e curiosa de todos vocês.
Este post que escrevo antes de dormir é todo para vocês e aqui estendo a minha mão a quem está sempre perto de mim...


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ser mãe em Londres...

Esta é a imagem que se vê todos os dias em Londres espalhada por todo o lado...
Ser mãe é muito complicado sempre e em todo o lado mas em Londres diria que é um trabalho ainda mais duro.
Londres é uma cidade feita de imigrantes. Pessoas vindas de todo o mundo que se encontram em Londres mas que não estão totalmente acompanhados e vivem de uma forma bastante solitária. Não contam com a sua família nem com amigos que possam ficar com as crianças e acompanhar o seu dia-a-dia de mãe.
A consequência de tudo o que escrevi é que as mães em Londres andam com os seus filhos para todo o lado. Ah e com os carrinhos de bebé também!
Os carrinhos de bebé enormes nos supermercados, nos autocarros, nas lojas, por todo o lado. Estamos sempre a chocar com algum carrinho de bebé, sempre sem espaço nos autocarros porque há sempre uma criança on board que, inclusivamente, às vezes chora!!!
Imaginem um autocarro cheio de gente, depois de um dia de trabalho, mal nos podemos mexer e durante 15 minutos uma, ou várias crianças, choram!
Por causa desse fenómeno existem coisas em Londres que nunca vi em mais lado nenhum.
Outro dia passeava pelo parque, um parque lindíssimo chamado Hampstead Heat, e vi uma aula de aeróbica ao ar livre para mães com carrinhos de bebé. Então, as mães andavam a correr pelo parque atrás de uma professora com os seus carrinhos de bebé e respectivas crianças lá dentro...Só de me lembrar da situação sorrio!
Por vezes paravam e faziam exercícios com as crianças como "levantamento de pesos" e agachamentos.
Em Portugal estamos habituados a andar de carro para todo o lado e quem não o faz deixa os seus filhos com os avós ou amigos enquanto aproveitam o seu tempo livre.
Aqui as mães são autênticas mães canguru que nunca largam os seus filhos e aproveitam cada minuto para estarem com eles: o autocarro serve para ler livros aos filhos, para partilharem experiências com eles e para conviverem...
Enfim, este é o tipo de coisas que só se vê em Londres e que tinha de partilhar convosco.

domingo, 27 de abril de 2008

Uma verdadeira inspiração...


"Conheci" o Matt este fim-de-semana. Escrevo a palavra conheci entre aspas porque não o conheci pessoalmente.Estava no messenger com um grande amigo que me disse "enquanto falamos vê lá este vídeo para te inspirares...". Eu vi o vídeo e fiquei super intrigada. Primeiro achei que as imagens eram montagens e que o vídeo era engraçado mas apenas mais um daqueles vídeos que vemos todos os dias na internet. Depois de ver todo o vídeo decidi ir visitar o site do Matt para descobrir um pouco a vida dele e fiquei realmente surpreendida.

O Matt era um programador de jogos de vídeo americano que não gostava do que fazia e que gostava mesmo muito de viajar. Na sua rotina diária de trabalho o Matt costumava convidar os seus colegas de trabalho para beber um café com ele através desta dança peculiar, desajeitada mas muito engraçada. Todos brincavam com ele e de uma forma desprentensiosa criava-se um momento de distração vital para quem trabalha muitas horas em frente ao computador.

Uma vez o Matt foi ao Vietname e um dos seus colegas de trabalho desafiou-o a dançar a "sua" dança especial no meio da rua e filmar a sua actuação. O Matt assim o fez. No vietname e em todos os sítios que foi visitando enquanto turista. Quando chegava a algum sítio característico que queria documentar pedia a alguém para filmar e simplesmente dançava em frente à câmera de vídeo.

Depois de algumas viagens o Matt decidiu divulgar o vídeo em que aparecia a dançar em vários pontos diferentes do planeta no seu blog. Os visitantes do seu blog gostaram e divulgaram o vídeo do Matt nos seus blogues e assim começou a divulgação à escala planetária de uma dança que teve origem num escritório americano no seio de um grupo de programadores de jogos de vídeo...

Depois de todo este sucesso, uma empresa decidiu apoiar a dança do Matt e patrocinar-lhe uma viagem pelos locais que ele escolhesse sendo que a única contrapartida era fazer um vídeo igual ao primeiro mas noutros locais. Neste momento o Matt continua a dançar pelo mundo inteiro, com as viagens pagas através do patrocínio dessa empresa e a sua profissão é viajar!!!

Pelo que percebi de vez em quando ainda dá uma ajuda na programação de jogos de vídeo mas não é essa a sua prioridade...

O Matt para mim foi uma bela descoberta e uma verdadeira inspiração. A maioria das vezes as coisas mais simples e até mais idiotas podem ajudar-nos a realizar os nossos sonhos e normalmente estamos demasiado preocupados com o que os outros vão pensar para arriscar e fazer aquilo de que realmente gostamos.

O Matt sempre adorou viajar e era o elemento que divertia a sua equipa de trabalho com a dança pateta mas hoje em dia já conhece o mundo quase todo exactamente através dessa dança pateta!

Inspirem-se!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Home sweet home

Uma das experiências mais estranhas mas ao mesmo tempo gratificantes que tenho vivido é aperceber-me da quantidade de pessoas que conheço e das amizades que fui fazendo até hoje.
Muitas delas não são daquelas amizades de todos os dias mas são amizades que se mantêm e que fazem ainda mais sentido quando se está no estrangeiro.
Quando cheguei a Londres pensei que seria difícil adaptar-me ao ponto de me sentir em casa numa cidade tao grande, com tanta gente diferente e tão competitiva.
A minha prioridade foi encontrar casa e dediquei-me a isso de tal forma que encontrei uma casa fantástica onde me sinto em casa. Sinto esta casa como minha, sinto-me totalmente eu neste ambiente e não poderia ter ido viver para outro sítio, pelo menos não numa fase inicial.
O francês e a alemã são pessoas fabulosas, falamos imenso e começamos a ser um pouco mais do que simples colegas de casa. O ambiente em casa é muito familiar, começamos a conhecer-nos como pessoas e a descobrir que por mais diferentes que sejamos e que embora sejamos de países bastante diferente no fundo somos todos seres humanos com experiências de vida interessantes e histórias para contar.
Além do ambiente fantástico que tenho em casa tenho de fazer uma homenagem aos meus amigos tugas.
Aqueles que vieram comigo, os outros que já cá estavam e os que me vão visitando de vez em quando.
É muito bom estar no estrangeiro e receber sms, e-mails e telefonemas como se estivessemos no nosso país. Perceber que quem vem a Londres se lembra de mim e vem ter comigo com gosto. Que as amizades que criei ao longo destes anos se mantêm e que vão dando os seus frutos.
Londres é uma cidade maravilhosa, ainda mais maravilhosa se partilhada com amigos e pessoas que gostam de nós...
Posso dizer que me sinto em casa e esta viragem na minha vida foi a melhor coisa que me podia ter acontecido!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

London A to Z

Hoje decidi fazer uma homenagem ao London A to Z.
Este é o manual de sobrevivência de qualquer estrangeiro em Londres.
Aliás, mesmo os ingleses utilizam este livro pra se orientarem pela cidade de forma simples e eficaz.
Este livro é simplesmente o mapa de TODA a cidade, com todas as ruas, ruelas, becos e avenidas principais da cidade.
Quem andou à procura de casa e ainda anda à procura de trabalho como eu precisa deste guia como de água para viver :).
Além disso, este livro tem um grande teor simbólico. Normalmente passa de mão em mão e é entregue aos recém-chegados pela mão de alguém que já cá está e conhece minimamente a cidade.
Todas as casas partilhadas em Londres têm um ou vários exemplares desta bíblia por isso este pequeno livro tornou-se um dos icones da cidade.
Não recebi o meu das mãos de ninguém porque tive de o comprar mas quem sabe, um dia, não o entregarei a alguém que esteja a começar a sua aventura em Londres?

Liberdade ou Ditadura

Como todos sabem em Londres há Portugueses por todo o lado.
Como todos sabem eu conheço bastantes. Pessoas que vieram comigo de Lisboa, que começaram a sua aventura ao mesmo tempo que eu, e pessoas que já cá estavam. Uns há mais tempo que outros mas todos há tempo suficiente para saberem bem as qualidades e defeitos de uma cidade enorme e absorvente como Londres.
Este fim-de-semana tive um jantar com Portugueses, uns já cá estão há algum tempo, outros acabaram de chegar.
No decorrer do jantar a conversa foi parar à política e à situação portuguesa actual.
Todos concordamos que Portugal, neste momento, não corresponde à terra das oportunidades que todos nós gostaríamos nem oferece as condições necessárias para se crescer pessoal e profissionalmente, pelo menos não a todos. Principalmente ao nível profissional as oportunidades são escassas e daí a quantidade de jovens que emigram para cidades "grandes" como Londres, Paris ou Bruxelas. Já não emigramos apenas para ter trabalho e juntar algum dinheiro. Emigramos para ter um trabalho MELHOR, prespectivas MELHORES e para viver uma experiência diferente, uma experiência que nos faça crescer, abrir horizontes, descobrir novas possibilidades...para depois voltar.
Na sequência da conversa sobre a política portuguesa alguém disse "Portugal precisava da ditadura nalguns campos, nomeadamente na educação".
E aí respirei fundo e depois disso confesso que me irritei.
Nenhuma das pessoas que estava naquela mesa viveu durante a ditadura, nenhuma daquelas pessoas viveu sem ser livre, sem poder expressar a sua opinião livremente, sem poder reunir-se com os amigos em grupos maiores do que três pessoas, sem poder aceder à cultura nacional e estrangeira sem ser censurada e sem poder emigrar para outros países de forma totalmente facilitada e aberta. No entanto, muitas das pessoas que estavam à mesa comigo defendiam a existência de uma ditadura "nalguns sectores da sociedade portuguesa".
Antes de mais a ditadura não se divide nem se aplica a determinados sectores. A ditadura é algo que se aplica a todo o país, que influencia tudo e todos e dita as suas regras.
Não posso concordar com o que foi dito naquela mesa.
Acho que é muito mais fácil apresentar como solução para a situação actual do país a existência de uma ditadura, um regime que decide por nós e que supostamente organiza o país sem termos uma palavra a dizer do que arranjarmos soluções mais viáveis e que honram a liberdade a que temos direito neste momento como votar, ter uma voz activa no cenário político actual, manifestarmos as nossas crenças de forma pública ou mesmo privada e vivermos de acordo com elas e começar por tentar mudar o nosso pequeno mundo antes de querer uma ditadura.
Se depois de tentarmos o máximo, depois de lutarmos por aquilo que acreditamos, depois de educarmos os nossos filhos a serem responsáveis e humanos, se depois disso tudo olharmos para as nossas vidas duvido que a ditadura ainda faça sentido aos nossos olhos.
Depois daquela conversa decidi pôr em prática a minha liberdade de expressão de escrever um post sobre este tema porque é algo que me perturba. A sensação que tenho é que o governo em Portugal tornou-se a desculpa perfeita para uma apatia muito grande. Se as coisas correm mal é sempre culpa do governo, mesmo que se trate de pequenas coisas que poderiam correr bem se as pessoas as cumprissem. Se as coisas correm bem é porque o governo se absteve de qualquer intervenção no processo porque se houvesse intervenção do governo correria mal de certeza.
Gosto da minha liberdade, adoro a ideia de ser europeia e poder mudar de país em busca de uma vida melhor e de cumprir sonhos sem sentir barreiras, sinto-me feliz e completa assim. Adoro votar, adoro poder expressar a minha opinião, adoro o meu blog, adoro falar em voz alta e rir-me com uma gargalhada forte sempre que alguém conta uma piada. Além disso, nunca deixarei as minhas decisões enquanto pessoa, cidadã e portuguesa em mãos alheias, muito menos nas de um governo que não me conhecerá como sou. Tenho total convicção e orgulho naquilo que escrevo e espero poder continuar a transmitir a importância da liberdade e também da responsbilidade às pessoas que me estão próximas tal como fizeram comigo até aqui.
Este desabafo nada tem a ver com o 25 de Abril que se aproxima mas sim com a necessidade de prestar uma homenagem às oportunidades que tenho aproveitado por ser livre e viver numa democracia!
We got to stand up if we want to be free!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Meet my house



Esta é a minha casa.
Quando se entra vê-se uma sala do lado esquerdo e umas escadas mesmo à nossa frente.
Se subirmos as escadas temos acesso à casa de banho com janela, ao meu quarto, ao quarto da minha flat mate e ainda a um pequenino quarto de hóspedes. Esse quarto de hóspedes não dá para alugar porque é muito pequenino por isso serve para receber os nosso convidados :).
Ao lado do quarto da minha flat mate vê-se umas escadinhas que dão acesso ao sótão que é o quarto do francês, o meu outro flat mate.
Se entrarmos pela esquerda vemos uma sala ampla, branca e muito acolhedora. Ao lado da sala uma cozinha muito agradável com um bancada grande e todos aqueles electrodomésticos necessários para fazer belos pratos com tempero português. Na cozinha temos ainda uma mesa de jantar que dá para 6 pessoas onde normalmente nos encontramos todas as noite para conversar um bocadinho sobre o nosso dia e as aventuras de cada um.
E, finalmente, a porta para o pátio.
Um pátio pequenino com uma mesa, 2 cadeiras e um banco corrido, que podem ver na foto. Quando há sol em Londres ele faz-nos companhia neste pátio durante toda a manhã e é um sítio fantástico para relaxar, ouvir uma boa música e sentir o sol a queimar a pele.
Adoro esta casa and it really feels like home!

Hoje apareceu o sol...


Hoje foi esta a imagem que tive ao chegar a casa...
Hoje o sol apareceu em força e foi, sem dúvida, o dia mais bonito que vivi desde que cá cheguei há quase 3 semanas.
Quando decidi mudar-me para Londres ouvi imensa gente dizer que o tempo cá era horrível e que ia ter muitas saudades do tempo em Portugal.
O tempo em Londres é realmente instável e no mesmo dia conseguimos viver as 4 estações. É possível que de manhã chova, durante o dia as nuvens desapareçam e esteja apenas vento com uma temperatura agradável, ao fim do dia apareça o frio e à noite neve...mas o que faz mesmo falta é a LUZ.
Sem dúvida que o sol faz falta, e muita, mas aquilo que é vital é a luz que se tem em Lisboa e que aqui não existe mesmo quando o sol brilha.
Seja pela poluição, pelo excesso de prédios e construções ou simplesmente pela localização desta cidade grandiosa, Londres é uma cidade sem luz e por isso se sofre tanto com o "tempo" de Londres.
Mas hoje tivemos um dia cheio de SOL e foi tão bom...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Londres, a cidade das entrevistas


Em Londres somos postos à prova permanentemente e temos de estar sempre preparados para responder a uma quantidade avassaladora de perguntas...Um verdadeiro desafio!
Para alugar um quarto somos entrevistados, para ter um número de segurança social somos entrevistados, para abrir uma conta no banco somos entrevistados e para arranjar trabalho somos entrevistados mas neste último caso importa admitir que até é normal.
Ao chegar a Londres é muito importante arranjar uma casa para ficar. É importante escolher a casa de acordo com a zona onde se localiza, de acordo com as acessibilidades e comércio que tem à volta e acima de tudo de acordo com a segurança da zona porque existem muitos bairros que, embora perto do centro, são muito complicados do ponto de vista social.
Alugar uma casa a título individual é praticamente impossível, principalmente para quem acaba de chegar por isso é preciso procurar casas que tenham quartos para alugar. Começa uma verdadeira aventura de filtragem de anúncios porque na bíblia tecnológica chamada Gumtree há anúncios de todos os géneros por isso é preciso perceber quais são os anúncios sérios, dentro dos sérios quais são as casas com boa localização, dentro da boa localização quais são os quartos que estão a bom preço e depois...depois é dar corda aos sapatos e carregar o Oyster Card (passe cá do sítio) para começar a visitar as inúmeras casas que reúnem as características mínimas...which takes so much time!
O problema começa quando percebemos que não somos nós que escolhemos a casa mas os inquilinos da casa é que nos escolhem. Quando se visita uma casa tem-se uma conversa informal com as pessoas que lá vivem de forma a percebermos se há a tal química que nos permite viver em conjunto o que significa que simplesmente tentamos perceber se nos suportamos. Conversamos cerca de 10 a 15min enquanto passeamos pela casa e percebemos as inúmeras qualidades daquele imóvel como o facto de só ter humidade no tecto e não nas paredes eheheheh. Depois dessa pequena conversa informal ficamos à espera que nos contactem para nos informarem se nos escolheram...Com sorte temos um bom sítio para ficar - Tarefa número 1 concluída!
Para ter acesso a um número de segurança social (national insurance number) também se passa por uma entrevista. Hoje tive a minha!
Quando se chega a Londres uma das primeiras coisas a fazer é ligar para o Job Centre Plus, a instituição responsável pela atribuição do número de segurança social. "Hello. I just arrived from Portugal and I need to book an interview to get the national insurance number". De acordo com a morada é-nos atribuído o Job Centre mais próximo e vamos à famosa entrevista. Passaporte, comprovativo de morada, comprovativo de procura de trabalho, quantas vezes viémos a Londres e porque motivo, nome do pai e da mãe...enfim ao menos não é o SEF mas é mais uma entrevista.
A minha correu bem, o senhor que me atendeu foi muito simpático e em 20min tinha o national insurance number - Tarefa número 2 concluída!
E para abrir conta no banco a conversa repete-se...
Londres é realmente uma cidade de passagem que recebe uma quantidade astronómica de estrangeiros todos os dias. Somos todos parte de um grupo enorme e impessoal que se chama "Estrangeiros" e que é posto à prova de forma constante. Um verdadeiro teste de relações públicas que tem de ser ultrapassado com um sorriso nos lábios e que nos permite ter pequenas vitórias como tratar (finalmente) do número de segurança social :).
A reorganização de valores é inevitável quando se passa por uma experiência destas e reorganizar é tão bom...

sábado, 5 de abril de 2008

The english fever for PUBs!

Hoje é 6ªfeira à noite.

Aqui em Londres a 6ªfeira à noite tem apenas um significado = PUB.

A partir das 18:00h (aqui 6pm) toda a gente se encaminha para o PUB mais próximo, rodeado pelos colegas do trabalho que a partir das 6pm de 6ªfeira passam a ser amigos mas normalmente só até às 11pm porque depois os pubs fecham.

Por incrível que possa parecer a vida em Londres é extremamente individualista e seja por protecção pessoal ou por educação e maneira de ser as pessoas não privam muito umas com as outras durante a semana...mas chega a 6ªfeira e as pessoas começam a reparar no colega do lado, lembram-se que trabalham com outros seres humanos e sentem vontade, quase uma necessidade vital, de sair para ir beber um copo.

A partir das 6pm os pubs das principais artérias da cidade, que acumulam as principais empresas, enchem-se de executivos que alargam o nó da gravata e de executivas que relaxam os ombros e juntos bebem uma agradável cerveja. Afinal já não falavam há uma semana...

Este é um ritual muito próprio.

Um ritual característico de quem passa a semana toda a trabalhar, num movimento pendular permanente entre a casa e o trabalho parando apenas no supermercado local para comprar qualquer coisa para comer.

A 6ªfeira é sinal de liberdade. Liberdade que lhes permite chegar tarde a casa, que lhes permite beber alcool em excesso, que lhes permite elogiar as pessoas que os rodeiam, que lhes permite momentos de partilha e que lhes permite ter um verdadeiro momento de sucesso social.

Nos pubs em si, as cervejas não são nada de especial, a comida que todos apreciam com um sorriso é muito fraquinha e o ambiente da maioria deles parece tirado de um livro do século XVIII onde as personagens são do século XXI mas agora consigo perceber bem a importância de locais como estes numa cidade que trabalha a um ritmo imparável e absorvente.

Os pubs são uma febre que acaba por representar uma cura e aí reside a sua magia.

The fever for PUBs is here to stay!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

New Life...New Hair Cut


London is about fashion; London is about drinking tea;
London is about drinking tea in the most fashionable way possible...

Meet my new hair cut!














London Life

"O que vais fazer hoje à tarde? É que não me apetece ir para casa a seguir ao trabalho..."
Recebi esta mensagem e fui ter contigo porque é realmente frustrante sair do trabalho e fazer o mesmo caminho de sempre em direcção a casa quase que de forma abrupta, quase sem respirar.
Apanhei o metro, completamente cheio de gente, tão cheio que as portas onde se validam os bilhetes e passes estavam bloqueadas porque não podia entrar mais ninguem até as plataformas estarem completamente vazias. "Será possível?", pensei eu.
Ai o metro de Londres...tudo o que se diz sobre esse fenómeno é verdade. Está, permanentemente, um vento forte e agressivo que parece que nos arrasta. Descem-se escadas rolantes intermináveis até chegarmos à plataforma que queremos e, assim que chegamos, automaticamente estamos com dores de cabeça por causa do ar pesado que insiste em não circular pelo "tubo". O metro em si é um verdadeiro tubo utilizado por milhões de pessoas que, literalmente, se espremem para dentro dele e fazem o seu caminho normal e diário até ao trabalho. Mas o metro de Londres é o exemplo perfeito da multiculturadidade que se vive nesta cidade. Encontramos lá pessoas de todas as nacionalidades possíveis e imaginárias e todas convivem e partilham, em harmonia, este tubo que as conduz de casa para o trabalho.
Umas lêem jornais gratuitos, outras lêem livros, outras deixam cair a cabeça para a frente e para trás por causa do sono e cansaço que insistem em atacar e outros, simplesmente, olham para tudo aquilo que se passa à sua volta...
Finalmente chego a St Paul's Cathedral, ao pé do teu trabalho.
Já trago o Lite e o The London Paper debaixo do braço depois de não conseguir evitar os distribuidores insistentes que enchem as ruas à hora de ponta.
Optamos por um chá, um latte e um bolo de chocolate que insisto em nem sequer provar de tão bom que parece ser...
A loja é de produtos orgânicos, é linda e fica ao pé da Catedral...Que fim de dia tão bom!
"Vou tirar uma foto desta mesa tão londrina e cheia de coisas características desta cidade onde acabamos de aterrar, o que achas?"
Tu sorriste...
Depois de trocarmos algumas impressões sobre o teu primeiro dia de trabalho, do chá, do latte e do bolo de chocolate que não partilhámos voltámos para casa mais confortáveis, cada um no seu "tubo" em direcções opostas.
"Mas onde é que eu pus o The London Paper?"

A Cadeira da Saudade

Quando se embarca numa viagem totalmente nova aquilo que custa mais deixar para trás são as pessoas que nos tocam, as pessoas que associamos a momentos especiais, as pessoas que nos ajudaram a sermos quem somos. As pessoas que foram decisivas e que, por algum motivo, nos fizeram pensar, nos fizeram reagir, nos fizeram querer mais...
Custa mesmo muito dizer "Adeus" ou mesmo "Até já" porque estas palavras ganham outra dimensão nos momentos de despedida. Nunca conseguimos ter a certeza de reencontrar as pessoas a quem dizemos "Até já" e, ao mesmo tempo, não sabemos se o "Adeus" que dissemos será assim tão definitivo...
Esta tarde fui passear a Putney.
Uma zona de Londres muito tranquila, muito bonita e, de certa forma, à parte do reboliço da grande cidade que a envolve. Uma zona de Londres habitada, maioritariamente, pela classe média londrina com todas as condições necessárias para satisfazer os desejos dessa mesma classe.
Putney tem uma ponta que, de forma original, foi apelidada de Putney Bridge.
Do outro lado da ponte, do outro lado do rebuliço de lojas de todas as cadeias internacionais possíveis e imaginárias e dos sinais de trânsito povoados por mães com os seus filhos ou autocarros cheios de pessoas que regressam do trabalho, existe um parque.
Um parque lindíssimo que acolhe o Palácio de Fulham.
Descobri este parque pela mão de uma amiga, uma das pessoas que me acompanha diariamente nas pequenas vitórias que tenho vivido e em todas as descobertas que faço diariamente.
No Palácio de Fulham descobri esta cadeira mesmo à minha frente.
Peguei na máquina e simplesmente tirei uma fotografia pensando nas inúmeras pessoas que gostava de ver ali sentadas, em frente a mim, a partilhar aquele momento comigo.
Gostava de te ver a ti para tomarmos um café dos nossos e partilhar inúmeros segredos em pausas de 5min que teimavam em não durar mais mas que nos faziam viver;
Gostava de te ver a ti para partilharmos segredos que não contamos a mais ninguém e para me sentir ainda mais acompanhada pela tua presença essencial e confortável;
Gostava de te ver a ti para me agarrares na mão e começarmos a correr pelo parque num misto de loucura pueril e necessidade consciente de liberdade que só tu me fazes sentir;
Gostava de te ter a ti para beber aquele copo de vinho que não bebo com mais ninguém e para comer algo de delicioso preparado especialmente para a altura que seria degustado ao sabor de uma longa conversa das nossas;
Gostava de te ter a ti...a ti que não consegui trazer!
Esta simples cadeira serve para fazer uma homenagem a todos aqueles que sempre me apoiaram, que sempre acreditaram em mim, que partilham este momento comigo e que fizeram de mim aquilo que sou hoje: uma mulher, e lamentavelmente já não uma criança, mas uma mulher feliz, com sonhos para realizar e uma vontade muito grande de vencer.
Gostava de VOS ter aqui!