sexta-feira, 4 de abril de 2008

A Cadeira da Saudade

Quando se embarca numa viagem totalmente nova aquilo que custa mais deixar para trás são as pessoas que nos tocam, as pessoas que associamos a momentos especiais, as pessoas que nos ajudaram a sermos quem somos. As pessoas que foram decisivas e que, por algum motivo, nos fizeram pensar, nos fizeram reagir, nos fizeram querer mais...
Custa mesmo muito dizer "Adeus" ou mesmo "Até já" porque estas palavras ganham outra dimensão nos momentos de despedida. Nunca conseguimos ter a certeza de reencontrar as pessoas a quem dizemos "Até já" e, ao mesmo tempo, não sabemos se o "Adeus" que dissemos será assim tão definitivo...
Esta tarde fui passear a Putney.
Uma zona de Londres muito tranquila, muito bonita e, de certa forma, à parte do reboliço da grande cidade que a envolve. Uma zona de Londres habitada, maioritariamente, pela classe média londrina com todas as condições necessárias para satisfazer os desejos dessa mesma classe.
Putney tem uma ponta que, de forma original, foi apelidada de Putney Bridge.
Do outro lado da ponte, do outro lado do rebuliço de lojas de todas as cadeias internacionais possíveis e imaginárias e dos sinais de trânsito povoados por mães com os seus filhos ou autocarros cheios de pessoas que regressam do trabalho, existe um parque.
Um parque lindíssimo que acolhe o Palácio de Fulham.
Descobri este parque pela mão de uma amiga, uma das pessoas que me acompanha diariamente nas pequenas vitórias que tenho vivido e em todas as descobertas que faço diariamente.
No Palácio de Fulham descobri esta cadeira mesmo à minha frente.
Peguei na máquina e simplesmente tirei uma fotografia pensando nas inúmeras pessoas que gostava de ver ali sentadas, em frente a mim, a partilhar aquele momento comigo.
Gostava de te ver a ti para tomarmos um café dos nossos e partilhar inúmeros segredos em pausas de 5min que teimavam em não durar mais mas que nos faziam viver;
Gostava de te ver a ti para partilharmos segredos que não contamos a mais ninguém e para me sentir ainda mais acompanhada pela tua presença essencial e confortável;
Gostava de te ver a ti para me agarrares na mão e começarmos a correr pelo parque num misto de loucura pueril e necessidade consciente de liberdade que só tu me fazes sentir;
Gostava de te ter a ti para beber aquele copo de vinho que não bebo com mais ninguém e para comer algo de delicioso preparado especialmente para a altura que seria degustado ao sabor de uma longa conversa das nossas;
Gostava de te ter a ti...a ti que não consegui trazer!
Esta simples cadeira serve para fazer uma homenagem a todos aqueles que sempre me apoiaram, que sempre acreditaram em mim, que partilham este momento comigo e que fizeram de mim aquilo que sou hoje: uma mulher, e lamentavelmente já não uma criança, mas uma mulher feliz, com sonhos para realizar e uma vontade muito grande de vencer.
Gostava de VOS ter aqui!

6 comentários:

Clau disse...

Linda... EU estou aí! E ouso dizer que TODOS estamos aí!:) Beijo do tamanho do mundo,

Clau

Deia disse...

Eu não posso ler estas coisas...fazem-me chorar e recordar momentos inesqucíveis partilhados ctg e com os demais que aí estão ou poderiam estar...Mil beijos

alma vogler disse...

Ainda vais ter muito mais para escrever sobre o Fulham Palace...especialmente depois dos piqueniques ao sol que vamos fazer no verão...(se ele vier, isto é).

Mel disse...

Fazes-me falta... Tanta...

Unknown disse...

Simplesmente: És LINDA!
bEiJo com SaUdAdEs

JL

ZIA disse...

Senti-me mesmo aí... a saudade apertou...uma lágrima ao canto do olho e a certeza da tua alegria, da tua luta, da tua busca da felicidade... mil beijos e que cadeira tão convidativa...