quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

All aboard for Lates!

Há algum tempo que queria escrever um post sobre este conceito - "Lates".

Como quase todos sabem a cultura em Londres borbulha além de ser de fácil acesso!
Existem sempre imensas novidades e a maioria dos eventos sao gratuitos. Mesmo assim, creio que ainda há coisas que nos podem surpreender pela positiva e que demonstram um grande aproveitamento dos espacos culturais além de alguma preocupacao com quem trabalha no duro durante toda a semana (claramente estou incluída neste último grupo :D )

Assim surge o conceito "Lates" que consiste no facto de quase todos os museus, algumas galerias e salas de espectáculos estarem abertos até mais tarde e permitirem às pessoas, nao só verem as exposicoes permanentes até, por exemplo, às 21h como ainda assistir a espectaculos que ocorrem depois do normal horário de encerramento dos museus.

Por exemplo, na National Portrait Gallery, é possível ver a exposicao da fotografa Annie Leibovitz durante a tarde e depois assistir a uma curta metragem sobre o trabalho e vida dela com participacao de nome sonantes como Hillary Clinton, Mick Jagger and Yoko Ono...Ah, e claro que tudo isto GRATUITAMENTE =)

Aqui fica uma sugestao para quem vive em Londres, visita ou quer visitar Londres e também para aqueles que um dia poderao, eventualmente, implementar este tipo de eventos em Portugal.

Para os mais curiosos e interessados:
www.lates.org

domingo, 23 de novembro de 2008

Hoje acordei...


...E foi esta a imagem que vi da minha janela =)

Sempre pensei no que estaria do outro lado do arco-íris.

Será que existe mesmo um pote de ouro como defende a tradição irlandesa?! Ou a resposta para a felicidade eterna como alguns gostam de pensar?!

Dispenso explicações científicas sobre a luz reflectida nas gotas de água etc...


Seja qual for a explicação, o que importa é que imagens como estas são LINDAS!


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Manhas difícieis...

(Aviso aos leitores: este post será escrito sem acentos e cedilhas devido à limitacao to teclado =) )

Para mim TODAS as manhas sao difíceis...
Acordar cedo e convencer-me de que vale a pena levantar-me da cama às 7 da manha é algo que me atormenta desde pequena...E conheco quem possa comprovar =)
Nao posso evitar alguma ironia e dizer que isto claramente acontece porque nasci às 3:25 da tarde logo nao é concebível para mim acordar antes de determinada hora...CLARAMENTE =)
De qualquer forma hoje está um daqueles dias típicos de Outono: o Sol brilha timidamente, está muito vento mas ao mesmo tempo as cores das árvores, jardins e ruas estao mais bonitas e vibrantes que nunca!
Tudo isto sao coisas que nos dao algum alento...
Enquanto me convenco que vou ter de comecar o meu dia de trabalho partilho convosco um pensamento diário: I hate mornings!!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E agora um apontamento cultural =)

Quem me conhece ou já teve o "prazer" de me acompanhar nos meus passeios por Londres sabe o quanto adoro o Southbank. Se fosse possível ter apenas um sítio preferido nesta cidade este seria o meu, sem sombra de dúvida.

Outro dia, depois do trabalho, arranquei para o Southbank para jantar com uma amiga.
Um restaurante oriental fantástico cuja especialidade é "dumplings", uma espécie de almofadas de massa transparente e muito saborosa com recheios óptimos!
O melhor de sempre é que os diversos pratos são servidos em pirâmide e é um verdadeiro desafio ir abrindo as diversas caixinhas =)

Depois do jantar fomos dar uma volta e entrámos no Royal Albert Hall.
De repente estávamos na exposição World Press Photo. Sorrimos uma para a outra e lembramo-nos das filas intermináveis no CCB para ver esta exposição e no preço do bilhete que pagamos diversos anos seguidos.

Desta vez fomos surpreendidas pela World Press Photo ao entrar numa das salas de espectáculos mais bonitas de Londres e, melhor ainda, não pagamos nada por isso.

Além disso, importa referir que este ano, pela primeira vez desde 1980, o grande vencedor da World Press Photo foi um fotografo inglês que colabora com a Vanity Fair. Esse facto em vez de contribuir para bilhetes de preços exagerados apenas aumenta o interesse da exposição juntos de todos os visitantes que a podem apreciar de forma gratuita =)

Para quando uma arte democrática e ainda mais acessível em PT?

Importa encarar a vida com um sorriso =)

Quem, como eu, vive em Londres hoje abriu os jornais e confrontou-se com a seguinte notícia: "O desemprego em Inglaterra chegou aos 1.82 milhões, o pior número desde há 11 anos".
Se pensarmos bem é como se toda a população de Lisboa estivesse desempregada de repente...
Assustador?!?!?!?

Claro que importa adaptar os números às dimensões do país e nunca se poderá comparar a economia inglesa com a portuguesa mas mesmo assim acaba por nos fazer pensar...

Confesso que os números valem o que valem e que acabo sempre por pensar nos casos que me são mais próximos...
Uma das grandes vantagens de Londres é ser possível conhecer gente de todo o mundo e ter uma experiência multi-cultural muito rica. Mas a grande desvantagem inerente a isso é aprender a dizer adeus a todas as pessoas que partilharam connosco momentos únicos e quase perfeitos mas que não partilham o timing da nossa vida e acabam por partir.

Neste momento começam a partir também por falta de emprego e questiono-me:
Não foi disto que eu me afastei?
Não era isto que queria deixar para trás para viver melhor?
Se eu consegui, porque não os outros que também tentaram?

Por aqui escrevem os peritos em economia (área que neste momento ocupa grande parte do meu dia...) que a crise irá durar no mínimo até 2010. Pelo menos nesse ano teremos Jogos Olímpicos por estas bandas o que poderá ajudar a melhorar =)

De qualquer forma, com crise ou sem ela esta cidade continua a vibrar, a oferecer eventos culturais inesquecíveis e a proporcionar momentos diferentes e únicos a quem não se deixa intimidar pelas distâncias e pela chuva que teima em cair. Mas não pensem os mais sonhadores que a resposta a todos os seus problemas em Portugal está numa vida desafogada em Londres!

Assim, gostava de deixar duas mensagens:
1o - Portugal não é assim tão mau como se possa pensar e tudo depende da perspectiva e daquilo que realmente se valoriza

2o - Como tudo na vida importa encarar esta crise com um sorriso e ser criativo. Importa perder tempo a pensar em soluções e em aproveitar o melhor possível aquilo que a vida nos oferece. Além disso, continuar a acreditar que com crise ou sem crise, quando queremos algo com muita força, isso passa a ser possível.

Mensagem de esperança?

domingo, 26 de outubro de 2008

De volta ao meu "Private Lab"

Hoje visitei o meu próprio blog e vi que a última vez que escrevi foi no fim de Julho...
O tempo passa realmente a correr e desde fim de Julho já aconteceu tanta coisa na minha vida, tanta coisa mudou, conheci tantas pessoas e lugares diferentes, trabalhei tanto, vivi tanta coisa!

Voltei ao meu blog porque decidi escrever sobre algo que aconteceu recentemente e me deixou a pensar.
Quando andamos na universidade somos pessoas cheias de sonhos e objectivos que queremos cumprir no nosso futuro que naquele momento nos parece cheio de possibilidades. Um dos objectivos que quase todos os jovens universitários perseguem é viver no estrangeiro mesmo que só por alguns meses, seja em Erasmus, Leonardo ou acabando por eventualmente mudar de malas e bagagens para uma aventura diferente.
Eu cumpri esse sonho que partilhei com a maioria dos meus amigos e por causa da realização desse sonho passei de perseguir o meu sonho para ser exemplo para outros.
Um grande amigo jornalista decidiu vir a Londres perceber a minha história e a de mais 3 amigos que neste momento partilham a vida comigo aqui em Londres.
O resultado desse trabalho foi publicado no Mundo Universitário, jornal dedicado a jovens universitários que ainda perseguem neste momento o sonho de viver no estrangeiro e ter experiências novas.

Concluindo, o que me deixa a pensar é como a nossa vida e as nossas escolhas podem ser exemplo e fonte de inspiração para outros, como de repente se podem tornar "notícia"...
Além disso, é engraçado perceber quanta curiosidade existe em relação ao estrangeiro, ao desconhecido e, neste caso, em relação a viver em Londres...

Para quem quiser espreitar: http://www.mundouniversitario.pt/docs/2787/_mu123.pdf

domingo, 27 de julho de 2008

É bom, muito bom, quando nos habituamos a viver a 100% na cidade que escolhemos...
Hoje foi um desses dias em que realmente me senti em casa e me senti totalmente absorvida pela beleza de um dos parques mais bonitos de Londres ao qual chamam o pulmão de Londres.
Hampstead Heath fica no norte da cidade e é um parque gigante que, entre outras coisas, tem diversos lagos onde se pode tomar um relaxante banho de água doce.
Hoje estiveram 27 graus em Londres e isso é algo que tem de se aproveitar...
Nunca se sabe quando é que voltam a estar 27 graus nem quando voltamos a ter um dia tão bonito, cheio de sol!
Assim sendo, tal como todos rumamos em direcção à praia nos dias de calor abrasador em Lisboa, aqui em Londres rumamos em direcção aos lagos.
O percurso é longo mas faz parte de viver em Londres ter de atravessar meia cidade para chegar onde quer que seja por isso, num domingo, o percurso até se torna agradável e sempre se descobre novas zonas da cidade até então desconhecidas.
Chegar ao lago é quase como chegar à praia...Apetece-nos logo saltar para a água, dar um mergulho, dar umas braçadas e ir descansar para a toalha debaixo de um sol abrasador que nos doura a pele e nos faz sentir muito bem...
Este foi o meu dia...Um dia em que pude vestir o biquini pela primeira vez desde o ano passado, em que usei uma toalha de praia, em que voltei a espalhar protector pela minha pele e em que dei um merecido mergulho debaixo de um sol abrasador.
A sensação de me deitar na relva em vez de me deitar na areia é óptima e de repente o meu sítio preferido passa a ser o jardim, o parque, o lago, em vez das praias cheias de gente, barulho e confusão.
De tudo o que nos rodeia na praia aquilo que faz mesmo falta é o barulho do mar ao longe..
Senti-me de férias na minha nova cidade, relaxei , dormitei ao sol e ao fim do dia é muito bom adormecer na minha nova cidade...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Um milhão de Londrinos vai de férias

As aulas em Londres terminam esta 6ªfeira.
Pelo que percebi aqui não há 3 meses de férias para ninguém até porque não me parece que os pais aguentem os filhos 3 meses em casa eheheheh.
Como acabam as aulas e o período oficial de férias se impõe os londrinos vão em busca de locais com sol, calor, caipirinhas e muita animação :)

Assim aqui ficam as estatísticas para este fim de semana:
420.000 passageiros vão partir de Heathrow nos 107.500 vôos previstos
325.000 vão partir de Gatwick nos 65.300 vôos previstos
160.000 vão partir de Stansted nos 40.500 vôos previstos

Estes números são astronómicos. 107.500 vôos a partirem de um único aeroporto num fim de semana?!?!?!
Estamos mesmo noutra dimensão...

Remember the 80's...?


Koko, Camden Town, London UK.

É sábado à noite e a festa começa às 22h o que para Londres é totalmente normal.

Aqui a noite começa quando em Portugal estaríamos a preparar o jantar ou a beber o famoso café com amigos.

A fila é grande e muita gente decidiu aproveitar a última festa antes do fim do Verão organizada pela equipa Buttoned Down Disco.

O organizador deste evento é um DJ que decidiu começar a organizar pequenas festas entre amigos, amigos esses que foram trazendo os seus amigos e assim sucessivamente. Um género de festas muito popular e que, sem dúvida, tem resultados. Recebes um e-mail, imprimes o convite e arranjas-te para a festa, nada mais fácil!

O local: um antigo teatro londrino, recuperado com muito bom gosto e extremamente espaçoso.

O som: música de todos os géneros e de todas as épocas com especial incidência nos 80's de que sou grande fã

Uma bela forma de passar a noite de sábado num ambiente eclético, cheio de gente interessante!

Uma sugestão para quem estiver de férias em Londres durante um dos fins de semana em que se organiza esta festa!

http://www.buttoneddowndisco.com/index.html

terça-feira, 22 de julho de 2008

Wasabi Peas

Wasabi Peas, a minha descoberta mais recente.
Confesso que nunca comi esta delícia em Portugal nem nunca ouvi falar de tal coisa mas provavelmente até existe. Afinal hoje em dia a Europa é cada vez mais semelhante e os produtos estrangeiros importados existem de igual forma em todo o lado.
Mesmo assim, gostei tanto das Wasabi Peas que decidi partilhar convosco esta novidade.
Os amantes de sushi como eu certamente conhecem bem este ingrediente - wasabi.
Para aqueles que não conhecem é algo verde, espesso e picante que acompanha o sushi e que misturado com molho de soja dá um sabor único à comida japonesa.
As Wasabi Peas são como pequenos amendoíns, crocantes, mas que depois de estalarem na nossa boca se tornam picantes e às vezes até nos fazem chorar com a intensidade do sabor que nos invade os sentidos...
Perfeito para acompanhar com vinho branco!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Knives and Drinks

Tal como diz o título, e perdoem-me o inglês, os dois principais problemas relacionados com jovens em Londres, e no Reino Unido em geral, são os crimes com armas brancas e o consumo de alcool em excesso.

Knife crime: Teenager stabbed to death in London...
Estes são os títulos quase diários dos jornais.
Desde Janeiro de 2008 já foram mortos 21 jovens em crimes relacionados com armas brancas em Londres.
Confesso que nunca assisti a nenhum desses crimes nem nunca me senti afectada por esta "onda de crime", segundo relatam os jornais, mas eles existem na realidade e os jovens são afectados por eles.
Todos tinham menos de 21 anos e alguns foram mortos por engano.
Perdoem-me a sinceridade mas estes crimes ocorrem sempre nos mesmo bairros, desenrolam-se entre membros de grupos organizados e estão normalmente relacionados com drogas ou assuntos mal resolvidos entre os grupos envolvidos. Se uma simples leitora e habitante de Londres consegue tirar estas ilações por simplesmente ler os jornais e informar-se sobre o que se passa na sua cidade, como é possível que a acção da polícia não se concentre nestas áreas e acima de tudo não tente prevenir a venda e distribuição de armas brancas junto dos jovens?
Se as campanhas de prevenção divulgadas junto dos jovens não estão a resultar provavelmente será necessário actuar juntos daqueles que vendem/distribuem as armas brancas aos jovens, aqueles que as tornam acessíveis e que já não serão tão jovens, digo eu!

O consumo de bebidas alcoolicas é o outro problema...
Neste momento estamos a assistir a uma enorme campanha de prevenção do consumo, apoiada e divulgada pelos media como não poderia deixar de ser, que se iniciou com a divulgação de uma reportagem sobre jovens entre os 18 e os 24 anos que sofrem de cirroses gravíssimas ou inclusivamente faleceram pelo consumo excessivo de alcool.
Sem dúvida um problema grave mas que terá uma explicação um pouco mais elaborada do que aquela que nos é transmitida. Claro que o consumo existe por ser possível comprar alcool mesmo sendo um menor e por haver fugas à lei mas também existe porque esse menor se quer desinibir e quer provar o seu lugar.

No meio de todas estas notícias e estas informações sobre os jovens ingleses questiono-me qual a imagem que passa para o público em geral sobre uma geração inteira de jovens. Os jovens que se envolvem em rixas e problemas e que consomem alcool em excesso ainda representam apenas uma pequena minoria de uma geração inteira de jovens ingleses e gostava que isso fosse ressalvado pelos media. A grande maioria dos jovens sofre com estas brigas entre grupos organizados, com outros jovens alcoolizados todo o tempo e, acima de tudo, com uma necessidade de afirmação enorme numa sociedade exigente em que todos temos de ser magros, bonitos, vestir a roupa da moda e estar a par de todas as novidades e alterações por mais pequenas e insignificantes que sejam.

Outro dia falava com uma amiga sobre um inquérito que fizeram aqui a raparigas de 12 anos sobre a sua aparência e o que não gostavam nelas. Todas tinham algo a apontar e todas queriam ser mais magras ou mais altas ou ter o nariz mais pequeno, etc...
De todas, apenas uma respondeu, timidamente, que gostava da sua aparência e que isso não representava um problema para ela...

Depois desta reflexão questiono-me se os principais problemas dos jovens ingleses (e quem sabe dos jovens em geral) serão mesmo os crimes com armas brancas e o consumo de alcool em excesso...?

It's been a long time...


Há muito tempo que não dedicava alguns minutos ao meu blog...

Adoro escrever, e manter este blog sempre actualizado foi um prazer, mas por vezes há momentos em que a ansiedade, a grandiosidade do que vivemos ou simplesmente a angústia nos deixam sem palavras...

Nos últimos tempos a quantidade de vivências e sentimentos difusos deixou-me mesmo sem palavras mas estou de volta e PROMETO ter este blog sempre actualizado com as novidades da ilha!

Momentos especiais, concertos, exposições, curiosidades...haverá de tudo um pouco!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Amanhã os Londrinos vão às urnas...


Amanhã os Londrinos vão exercer o seu direito de voto e eleger o Mayor de Londres.
Decidi escrever sobre estas eleições porque as diferenças entre o sistema eleitoral deles e o nosso são algumas e os números muito mais assustadores...
Antes de mais, em Londres as eleições vão decorrer dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador.
Não só não é feriado em Londres e a maioria das empresas está a funcionar dia 1 e 2 de Maio como as pessoas ainda têm de ir votar num dia útil.
Em Portugal, e na maioria dos países europeus, vota-se ao domingo, o dia da semana em que nada se faz e tudo custa muito mais mas que ao menos não se tem de pensar em mais nada e lá se vai votar.
Aqui, pelo contrário, o Dia do Trabalhador é passado a trabalhar e a escolher o Mayor de Londres, ou seja, a tomar decisões difíceis.
Neste momento poderão pensar que aqui há uma maior consciência da importância das eleições e do voto...mas é totalmente o contrário.
As últimas eleições para Mayor de Londres foram em 2004 e a adesão foi fraquíssima. Dos 5.5 milhões de londrinos registados na câmara de Londres para votar apenas 37% usufruiu do seu direito de voto e daqui se tira a conclusão de que tenho falado diversas vezes no meu blog: os londrinos não sentem a cidade como sua. É uma cidade constituída por estrangeiros. Estrangeiros que vêem televisão dos seus países de origem, lêem os jornais e livros dos seus países de origem e, em muitos casos, privam maioritariamente com a comunidade dos seus países por isso o envolvimento com a cidade e a cultura londrina é muito pequeno.
Londres acaba por ser uma cidade de passagem, uma cidade utilitária mas não a sentem como sua.
Querem as coisas feitas, querem as coisas a funcionar mas não consideram que o seu voto seja importante ou vá mudar algo e muitas vezes sentem-se assim porque não se sentem integrados nesta cidade tão utilitária.
Estas são considerações sobre alguns estrangeiros, talvez até bastantes, mas a intenção não é generalizar porque há sempre honrosas excepções e gosto de salvaguardá-las. (Excepções ainda tem P? EHEHEHEH)
Mas além destas questões existem os londrinos, nascidos e criados em Londres, que desconhecem coisas tão básicas como a localização da sua mesa de voto ou a que se referem os boletins de voto. Este desconhecimento por parte dos londrinos atinge tais proporções que o London Paper, jornal gratuito do género do Metro ou Destak mas com uma tiragem à altura, dedicou, na sua edição de hoje, 6 páginas às eleições além de ter disponibilizado informações ainda mais vastas no seu site.
Nessas páginas explicam o que cada boletim de voto significa, simplificam o procedimento e apresentam as ideias dos partidos de forma meramente informativa para tentar que as pessoas estejam um pouco mais alerta para as eleições, mais envolvidas.
A dificuldade em passar a mensagem é de tal forma que foi criado um site, www.votematch.co.uk, no qual podemos descobrir o candidato com quem mais nos identificamos. Todos os candidatos responderam as questões muito simples e de acordo com a nossa escolha podemos saber em "quem vamos votar". Parece um quiz daquelas revistas juvenis como a Ragazza mas, segundo uma jornalista algo respeitada e reconhecida, parece funcionar.
E agora dois factos engraçados:
1 - Cada candidato para concorrer a Mayor paga uma depósito de 10.000 Libras;
2 - O sistema destas eleições não prevê uma 2ª volta e então funciona da seguinte forma: cada eleitor vota na sua 1ª e 2ª escolha, ou seja, aquele em quem realmente acredita e aquele que "até não faz mal ser Mayor". Caso haja um empate dentro das primeiras escolhas dos eleitores, recorre-se aos votos das segundas escolhas e define-se o vencedor. Estranho, não? Mas pensando bem, se só 37% das pessoas vão votar, quem iria à 2ª volta?
Por fim, não vou estar a descrever aquilo que cada partido defende nem os partidos envolvidos nestas eleições mas apenas vou referir que as grandes bandeiras destas eleições são a redução do crime e a melhoria da qualidade e cobertura da rede de transportes públicos.
E a pressão é muito grande porque o Mayor que ganhar estas eleições será responsável pela preparação da cidade para receber os Jogos Olímpicos em 2012 and that's BIG!
Acho que nunca me informei tanto sobre umas eleições mas como ainda não posso votar o interesse pelo funcionamento das mesmas aumenta e muito. Além disso, quando não se tem televisão em casa e se passa muito tempo nos transportes públicos aquilo que se faz é ler os jornais gratuitos. Um pouco mais apertados, com o vizinho do lado a ler por cima do nosso ombro e com a pessoa que vai de pé à nossa frente a empurrar o jornal para a nossa cara constantemente ainda conseguimos aprender algo.
Let the games begin!





terça-feira, 29 de abril de 2008

Aos meus leitores...


Este pequeno post é para vocês!
Vocês que lêem o que escrevo, vocês que tiram algum tempo da vossa vida ocupada para acompanhar a minha vida aqui em Londres, vocês que me dão feedback sobre as histórias que escrevo aqui, vocês que estão SEMPRE aí!
Hoje recebi 5 e-mails sobre o meu blog!!!!

Todos pediam que continuasse a escrever, que continuasse a partilhar os momentos que vivo aqui e que continuasse a alimentar a mente irrequieta e curiosa de todos vocês.
Este post que escrevo antes de dormir é todo para vocês e aqui estendo a minha mão a quem está sempre perto de mim...


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ser mãe em Londres...

Esta é a imagem que se vê todos os dias em Londres espalhada por todo o lado...
Ser mãe é muito complicado sempre e em todo o lado mas em Londres diria que é um trabalho ainda mais duro.
Londres é uma cidade feita de imigrantes. Pessoas vindas de todo o mundo que se encontram em Londres mas que não estão totalmente acompanhados e vivem de uma forma bastante solitária. Não contam com a sua família nem com amigos que possam ficar com as crianças e acompanhar o seu dia-a-dia de mãe.
A consequência de tudo o que escrevi é que as mães em Londres andam com os seus filhos para todo o lado. Ah e com os carrinhos de bebé também!
Os carrinhos de bebé enormes nos supermercados, nos autocarros, nas lojas, por todo o lado. Estamos sempre a chocar com algum carrinho de bebé, sempre sem espaço nos autocarros porque há sempre uma criança on board que, inclusivamente, às vezes chora!!!
Imaginem um autocarro cheio de gente, depois de um dia de trabalho, mal nos podemos mexer e durante 15 minutos uma, ou várias crianças, choram!
Por causa desse fenómeno existem coisas em Londres que nunca vi em mais lado nenhum.
Outro dia passeava pelo parque, um parque lindíssimo chamado Hampstead Heat, e vi uma aula de aeróbica ao ar livre para mães com carrinhos de bebé. Então, as mães andavam a correr pelo parque atrás de uma professora com os seus carrinhos de bebé e respectivas crianças lá dentro...Só de me lembrar da situação sorrio!
Por vezes paravam e faziam exercícios com as crianças como "levantamento de pesos" e agachamentos.
Em Portugal estamos habituados a andar de carro para todo o lado e quem não o faz deixa os seus filhos com os avós ou amigos enquanto aproveitam o seu tempo livre.
Aqui as mães são autênticas mães canguru que nunca largam os seus filhos e aproveitam cada minuto para estarem com eles: o autocarro serve para ler livros aos filhos, para partilharem experiências com eles e para conviverem...
Enfim, este é o tipo de coisas que só se vê em Londres e que tinha de partilhar convosco.

domingo, 27 de abril de 2008

Uma verdadeira inspiração...


"Conheci" o Matt este fim-de-semana. Escrevo a palavra conheci entre aspas porque não o conheci pessoalmente.Estava no messenger com um grande amigo que me disse "enquanto falamos vê lá este vídeo para te inspirares...". Eu vi o vídeo e fiquei super intrigada. Primeiro achei que as imagens eram montagens e que o vídeo era engraçado mas apenas mais um daqueles vídeos que vemos todos os dias na internet. Depois de ver todo o vídeo decidi ir visitar o site do Matt para descobrir um pouco a vida dele e fiquei realmente surpreendida.

O Matt era um programador de jogos de vídeo americano que não gostava do que fazia e que gostava mesmo muito de viajar. Na sua rotina diária de trabalho o Matt costumava convidar os seus colegas de trabalho para beber um café com ele através desta dança peculiar, desajeitada mas muito engraçada. Todos brincavam com ele e de uma forma desprentensiosa criava-se um momento de distração vital para quem trabalha muitas horas em frente ao computador.

Uma vez o Matt foi ao Vietname e um dos seus colegas de trabalho desafiou-o a dançar a "sua" dança especial no meio da rua e filmar a sua actuação. O Matt assim o fez. No vietname e em todos os sítios que foi visitando enquanto turista. Quando chegava a algum sítio característico que queria documentar pedia a alguém para filmar e simplesmente dançava em frente à câmera de vídeo.

Depois de algumas viagens o Matt decidiu divulgar o vídeo em que aparecia a dançar em vários pontos diferentes do planeta no seu blog. Os visitantes do seu blog gostaram e divulgaram o vídeo do Matt nos seus blogues e assim começou a divulgação à escala planetária de uma dança que teve origem num escritório americano no seio de um grupo de programadores de jogos de vídeo...

Depois de todo este sucesso, uma empresa decidiu apoiar a dança do Matt e patrocinar-lhe uma viagem pelos locais que ele escolhesse sendo que a única contrapartida era fazer um vídeo igual ao primeiro mas noutros locais. Neste momento o Matt continua a dançar pelo mundo inteiro, com as viagens pagas através do patrocínio dessa empresa e a sua profissão é viajar!!!

Pelo que percebi de vez em quando ainda dá uma ajuda na programação de jogos de vídeo mas não é essa a sua prioridade...

O Matt para mim foi uma bela descoberta e uma verdadeira inspiração. A maioria das vezes as coisas mais simples e até mais idiotas podem ajudar-nos a realizar os nossos sonhos e normalmente estamos demasiado preocupados com o que os outros vão pensar para arriscar e fazer aquilo de que realmente gostamos.

O Matt sempre adorou viajar e era o elemento que divertia a sua equipa de trabalho com a dança pateta mas hoje em dia já conhece o mundo quase todo exactamente através dessa dança pateta!

Inspirem-se!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Home sweet home

Uma das experiências mais estranhas mas ao mesmo tempo gratificantes que tenho vivido é aperceber-me da quantidade de pessoas que conheço e das amizades que fui fazendo até hoje.
Muitas delas não são daquelas amizades de todos os dias mas são amizades que se mantêm e que fazem ainda mais sentido quando se está no estrangeiro.
Quando cheguei a Londres pensei que seria difícil adaptar-me ao ponto de me sentir em casa numa cidade tao grande, com tanta gente diferente e tão competitiva.
A minha prioridade foi encontrar casa e dediquei-me a isso de tal forma que encontrei uma casa fantástica onde me sinto em casa. Sinto esta casa como minha, sinto-me totalmente eu neste ambiente e não poderia ter ido viver para outro sítio, pelo menos não numa fase inicial.
O francês e a alemã são pessoas fabulosas, falamos imenso e começamos a ser um pouco mais do que simples colegas de casa. O ambiente em casa é muito familiar, começamos a conhecer-nos como pessoas e a descobrir que por mais diferentes que sejamos e que embora sejamos de países bastante diferente no fundo somos todos seres humanos com experiências de vida interessantes e histórias para contar.
Além do ambiente fantástico que tenho em casa tenho de fazer uma homenagem aos meus amigos tugas.
Aqueles que vieram comigo, os outros que já cá estavam e os que me vão visitando de vez em quando.
É muito bom estar no estrangeiro e receber sms, e-mails e telefonemas como se estivessemos no nosso país. Perceber que quem vem a Londres se lembra de mim e vem ter comigo com gosto. Que as amizades que criei ao longo destes anos se mantêm e que vão dando os seus frutos.
Londres é uma cidade maravilhosa, ainda mais maravilhosa se partilhada com amigos e pessoas que gostam de nós...
Posso dizer que me sinto em casa e esta viragem na minha vida foi a melhor coisa que me podia ter acontecido!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

London A to Z

Hoje decidi fazer uma homenagem ao London A to Z.
Este é o manual de sobrevivência de qualquer estrangeiro em Londres.
Aliás, mesmo os ingleses utilizam este livro pra se orientarem pela cidade de forma simples e eficaz.
Este livro é simplesmente o mapa de TODA a cidade, com todas as ruas, ruelas, becos e avenidas principais da cidade.
Quem andou à procura de casa e ainda anda à procura de trabalho como eu precisa deste guia como de água para viver :).
Além disso, este livro tem um grande teor simbólico. Normalmente passa de mão em mão e é entregue aos recém-chegados pela mão de alguém que já cá está e conhece minimamente a cidade.
Todas as casas partilhadas em Londres têm um ou vários exemplares desta bíblia por isso este pequeno livro tornou-se um dos icones da cidade.
Não recebi o meu das mãos de ninguém porque tive de o comprar mas quem sabe, um dia, não o entregarei a alguém que esteja a começar a sua aventura em Londres?

Liberdade ou Ditadura

Como todos sabem em Londres há Portugueses por todo o lado.
Como todos sabem eu conheço bastantes. Pessoas que vieram comigo de Lisboa, que começaram a sua aventura ao mesmo tempo que eu, e pessoas que já cá estavam. Uns há mais tempo que outros mas todos há tempo suficiente para saberem bem as qualidades e defeitos de uma cidade enorme e absorvente como Londres.
Este fim-de-semana tive um jantar com Portugueses, uns já cá estão há algum tempo, outros acabaram de chegar.
No decorrer do jantar a conversa foi parar à política e à situação portuguesa actual.
Todos concordamos que Portugal, neste momento, não corresponde à terra das oportunidades que todos nós gostaríamos nem oferece as condições necessárias para se crescer pessoal e profissionalmente, pelo menos não a todos. Principalmente ao nível profissional as oportunidades são escassas e daí a quantidade de jovens que emigram para cidades "grandes" como Londres, Paris ou Bruxelas. Já não emigramos apenas para ter trabalho e juntar algum dinheiro. Emigramos para ter um trabalho MELHOR, prespectivas MELHORES e para viver uma experiência diferente, uma experiência que nos faça crescer, abrir horizontes, descobrir novas possibilidades...para depois voltar.
Na sequência da conversa sobre a política portuguesa alguém disse "Portugal precisava da ditadura nalguns campos, nomeadamente na educação".
E aí respirei fundo e depois disso confesso que me irritei.
Nenhuma das pessoas que estava naquela mesa viveu durante a ditadura, nenhuma daquelas pessoas viveu sem ser livre, sem poder expressar a sua opinião livremente, sem poder reunir-se com os amigos em grupos maiores do que três pessoas, sem poder aceder à cultura nacional e estrangeira sem ser censurada e sem poder emigrar para outros países de forma totalmente facilitada e aberta. No entanto, muitas das pessoas que estavam à mesa comigo defendiam a existência de uma ditadura "nalguns sectores da sociedade portuguesa".
Antes de mais a ditadura não se divide nem se aplica a determinados sectores. A ditadura é algo que se aplica a todo o país, que influencia tudo e todos e dita as suas regras.
Não posso concordar com o que foi dito naquela mesa.
Acho que é muito mais fácil apresentar como solução para a situação actual do país a existência de uma ditadura, um regime que decide por nós e que supostamente organiza o país sem termos uma palavra a dizer do que arranjarmos soluções mais viáveis e que honram a liberdade a que temos direito neste momento como votar, ter uma voz activa no cenário político actual, manifestarmos as nossas crenças de forma pública ou mesmo privada e vivermos de acordo com elas e começar por tentar mudar o nosso pequeno mundo antes de querer uma ditadura.
Se depois de tentarmos o máximo, depois de lutarmos por aquilo que acreditamos, depois de educarmos os nossos filhos a serem responsáveis e humanos, se depois disso tudo olharmos para as nossas vidas duvido que a ditadura ainda faça sentido aos nossos olhos.
Depois daquela conversa decidi pôr em prática a minha liberdade de expressão de escrever um post sobre este tema porque é algo que me perturba. A sensação que tenho é que o governo em Portugal tornou-se a desculpa perfeita para uma apatia muito grande. Se as coisas correm mal é sempre culpa do governo, mesmo que se trate de pequenas coisas que poderiam correr bem se as pessoas as cumprissem. Se as coisas correm bem é porque o governo se absteve de qualquer intervenção no processo porque se houvesse intervenção do governo correria mal de certeza.
Gosto da minha liberdade, adoro a ideia de ser europeia e poder mudar de país em busca de uma vida melhor e de cumprir sonhos sem sentir barreiras, sinto-me feliz e completa assim. Adoro votar, adoro poder expressar a minha opinião, adoro o meu blog, adoro falar em voz alta e rir-me com uma gargalhada forte sempre que alguém conta uma piada. Além disso, nunca deixarei as minhas decisões enquanto pessoa, cidadã e portuguesa em mãos alheias, muito menos nas de um governo que não me conhecerá como sou. Tenho total convicção e orgulho naquilo que escrevo e espero poder continuar a transmitir a importância da liberdade e também da responsbilidade às pessoas que me estão próximas tal como fizeram comigo até aqui.
Este desabafo nada tem a ver com o 25 de Abril que se aproxima mas sim com a necessidade de prestar uma homenagem às oportunidades que tenho aproveitado por ser livre e viver numa democracia!
We got to stand up if we want to be free!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Meet my house



Esta é a minha casa.
Quando se entra vê-se uma sala do lado esquerdo e umas escadas mesmo à nossa frente.
Se subirmos as escadas temos acesso à casa de banho com janela, ao meu quarto, ao quarto da minha flat mate e ainda a um pequenino quarto de hóspedes. Esse quarto de hóspedes não dá para alugar porque é muito pequenino por isso serve para receber os nosso convidados :).
Ao lado do quarto da minha flat mate vê-se umas escadinhas que dão acesso ao sótão que é o quarto do francês, o meu outro flat mate.
Se entrarmos pela esquerda vemos uma sala ampla, branca e muito acolhedora. Ao lado da sala uma cozinha muito agradável com um bancada grande e todos aqueles electrodomésticos necessários para fazer belos pratos com tempero português. Na cozinha temos ainda uma mesa de jantar que dá para 6 pessoas onde normalmente nos encontramos todas as noite para conversar um bocadinho sobre o nosso dia e as aventuras de cada um.
E, finalmente, a porta para o pátio.
Um pátio pequenino com uma mesa, 2 cadeiras e um banco corrido, que podem ver na foto. Quando há sol em Londres ele faz-nos companhia neste pátio durante toda a manhã e é um sítio fantástico para relaxar, ouvir uma boa música e sentir o sol a queimar a pele.
Adoro esta casa and it really feels like home!

Hoje apareceu o sol...


Hoje foi esta a imagem que tive ao chegar a casa...
Hoje o sol apareceu em força e foi, sem dúvida, o dia mais bonito que vivi desde que cá cheguei há quase 3 semanas.
Quando decidi mudar-me para Londres ouvi imensa gente dizer que o tempo cá era horrível e que ia ter muitas saudades do tempo em Portugal.
O tempo em Londres é realmente instável e no mesmo dia conseguimos viver as 4 estações. É possível que de manhã chova, durante o dia as nuvens desapareçam e esteja apenas vento com uma temperatura agradável, ao fim do dia apareça o frio e à noite neve...mas o que faz mesmo falta é a LUZ.
Sem dúvida que o sol faz falta, e muita, mas aquilo que é vital é a luz que se tem em Lisboa e que aqui não existe mesmo quando o sol brilha.
Seja pela poluição, pelo excesso de prédios e construções ou simplesmente pela localização desta cidade grandiosa, Londres é uma cidade sem luz e por isso se sofre tanto com o "tempo" de Londres.
Mas hoje tivemos um dia cheio de SOL e foi tão bom...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Londres, a cidade das entrevistas


Em Londres somos postos à prova permanentemente e temos de estar sempre preparados para responder a uma quantidade avassaladora de perguntas...Um verdadeiro desafio!
Para alugar um quarto somos entrevistados, para ter um número de segurança social somos entrevistados, para abrir uma conta no banco somos entrevistados e para arranjar trabalho somos entrevistados mas neste último caso importa admitir que até é normal.
Ao chegar a Londres é muito importante arranjar uma casa para ficar. É importante escolher a casa de acordo com a zona onde se localiza, de acordo com as acessibilidades e comércio que tem à volta e acima de tudo de acordo com a segurança da zona porque existem muitos bairros que, embora perto do centro, são muito complicados do ponto de vista social.
Alugar uma casa a título individual é praticamente impossível, principalmente para quem acaba de chegar por isso é preciso procurar casas que tenham quartos para alugar. Começa uma verdadeira aventura de filtragem de anúncios porque na bíblia tecnológica chamada Gumtree há anúncios de todos os géneros por isso é preciso perceber quais são os anúncios sérios, dentro dos sérios quais são as casas com boa localização, dentro da boa localização quais são os quartos que estão a bom preço e depois...depois é dar corda aos sapatos e carregar o Oyster Card (passe cá do sítio) para começar a visitar as inúmeras casas que reúnem as características mínimas...which takes so much time!
O problema começa quando percebemos que não somos nós que escolhemos a casa mas os inquilinos da casa é que nos escolhem. Quando se visita uma casa tem-se uma conversa informal com as pessoas que lá vivem de forma a percebermos se há a tal química que nos permite viver em conjunto o que significa que simplesmente tentamos perceber se nos suportamos. Conversamos cerca de 10 a 15min enquanto passeamos pela casa e percebemos as inúmeras qualidades daquele imóvel como o facto de só ter humidade no tecto e não nas paredes eheheheh. Depois dessa pequena conversa informal ficamos à espera que nos contactem para nos informarem se nos escolheram...Com sorte temos um bom sítio para ficar - Tarefa número 1 concluída!
Para ter acesso a um número de segurança social (national insurance number) também se passa por uma entrevista. Hoje tive a minha!
Quando se chega a Londres uma das primeiras coisas a fazer é ligar para o Job Centre Plus, a instituição responsável pela atribuição do número de segurança social. "Hello. I just arrived from Portugal and I need to book an interview to get the national insurance number". De acordo com a morada é-nos atribuído o Job Centre mais próximo e vamos à famosa entrevista. Passaporte, comprovativo de morada, comprovativo de procura de trabalho, quantas vezes viémos a Londres e porque motivo, nome do pai e da mãe...enfim ao menos não é o SEF mas é mais uma entrevista.
A minha correu bem, o senhor que me atendeu foi muito simpático e em 20min tinha o national insurance number - Tarefa número 2 concluída!
E para abrir conta no banco a conversa repete-se...
Londres é realmente uma cidade de passagem que recebe uma quantidade astronómica de estrangeiros todos os dias. Somos todos parte de um grupo enorme e impessoal que se chama "Estrangeiros" e que é posto à prova de forma constante. Um verdadeiro teste de relações públicas que tem de ser ultrapassado com um sorriso nos lábios e que nos permite ter pequenas vitórias como tratar (finalmente) do número de segurança social :).
A reorganização de valores é inevitável quando se passa por uma experiência destas e reorganizar é tão bom...

sábado, 5 de abril de 2008

The english fever for PUBs!

Hoje é 6ªfeira à noite.

Aqui em Londres a 6ªfeira à noite tem apenas um significado = PUB.

A partir das 18:00h (aqui 6pm) toda a gente se encaminha para o PUB mais próximo, rodeado pelos colegas do trabalho que a partir das 6pm de 6ªfeira passam a ser amigos mas normalmente só até às 11pm porque depois os pubs fecham.

Por incrível que possa parecer a vida em Londres é extremamente individualista e seja por protecção pessoal ou por educação e maneira de ser as pessoas não privam muito umas com as outras durante a semana...mas chega a 6ªfeira e as pessoas começam a reparar no colega do lado, lembram-se que trabalham com outros seres humanos e sentem vontade, quase uma necessidade vital, de sair para ir beber um copo.

A partir das 6pm os pubs das principais artérias da cidade, que acumulam as principais empresas, enchem-se de executivos que alargam o nó da gravata e de executivas que relaxam os ombros e juntos bebem uma agradável cerveja. Afinal já não falavam há uma semana...

Este é um ritual muito próprio.

Um ritual característico de quem passa a semana toda a trabalhar, num movimento pendular permanente entre a casa e o trabalho parando apenas no supermercado local para comprar qualquer coisa para comer.

A 6ªfeira é sinal de liberdade. Liberdade que lhes permite chegar tarde a casa, que lhes permite beber alcool em excesso, que lhes permite elogiar as pessoas que os rodeiam, que lhes permite momentos de partilha e que lhes permite ter um verdadeiro momento de sucesso social.

Nos pubs em si, as cervejas não são nada de especial, a comida que todos apreciam com um sorriso é muito fraquinha e o ambiente da maioria deles parece tirado de um livro do século XVIII onde as personagens são do século XXI mas agora consigo perceber bem a importância de locais como estes numa cidade que trabalha a um ritmo imparável e absorvente.

Os pubs são uma febre que acaba por representar uma cura e aí reside a sua magia.

The fever for PUBs is here to stay!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

New Life...New Hair Cut


London is about fashion; London is about drinking tea;
London is about drinking tea in the most fashionable way possible...

Meet my new hair cut!














London Life

"O que vais fazer hoje à tarde? É que não me apetece ir para casa a seguir ao trabalho..."
Recebi esta mensagem e fui ter contigo porque é realmente frustrante sair do trabalho e fazer o mesmo caminho de sempre em direcção a casa quase que de forma abrupta, quase sem respirar.
Apanhei o metro, completamente cheio de gente, tão cheio que as portas onde se validam os bilhetes e passes estavam bloqueadas porque não podia entrar mais ninguem até as plataformas estarem completamente vazias. "Será possível?", pensei eu.
Ai o metro de Londres...tudo o que se diz sobre esse fenómeno é verdade. Está, permanentemente, um vento forte e agressivo que parece que nos arrasta. Descem-se escadas rolantes intermináveis até chegarmos à plataforma que queremos e, assim que chegamos, automaticamente estamos com dores de cabeça por causa do ar pesado que insiste em não circular pelo "tubo". O metro em si é um verdadeiro tubo utilizado por milhões de pessoas que, literalmente, se espremem para dentro dele e fazem o seu caminho normal e diário até ao trabalho. Mas o metro de Londres é o exemplo perfeito da multiculturadidade que se vive nesta cidade. Encontramos lá pessoas de todas as nacionalidades possíveis e imaginárias e todas convivem e partilham, em harmonia, este tubo que as conduz de casa para o trabalho.
Umas lêem jornais gratuitos, outras lêem livros, outras deixam cair a cabeça para a frente e para trás por causa do sono e cansaço que insistem em atacar e outros, simplesmente, olham para tudo aquilo que se passa à sua volta...
Finalmente chego a St Paul's Cathedral, ao pé do teu trabalho.
Já trago o Lite e o The London Paper debaixo do braço depois de não conseguir evitar os distribuidores insistentes que enchem as ruas à hora de ponta.
Optamos por um chá, um latte e um bolo de chocolate que insisto em nem sequer provar de tão bom que parece ser...
A loja é de produtos orgânicos, é linda e fica ao pé da Catedral...Que fim de dia tão bom!
"Vou tirar uma foto desta mesa tão londrina e cheia de coisas características desta cidade onde acabamos de aterrar, o que achas?"
Tu sorriste...
Depois de trocarmos algumas impressões sobre o teu primeiro dia de trabalho, do chá, do latte e do bolo de chocolate que não partilhámos voltámos para casa mais confortáveis, cada um no seu "tubo" em direcções opostas.
"Mas onde é que eu pus o The London Paper?"

A Cadeira da Saudade

Quando se embarca numa viagem totalmente nova aquilo que custa mais deixar para trás são as pessoas que nos tocam, as pessoas que associamos a momentos especiais, as pessoas que nos ajudaram a sermos quem somos. As pessoas que foram decisivas e que, por algum motivo, nos fizeram pensar, nos fizeram reagir, nos fizeram querer mais...
Custa mesmo muito dizer "Adeus" ou mesmo "Até já" porque estas palavras ganham outra dimensão nos momentos de despedida. Nunca conseguimos ter a certeza de reencontrar as pessoas a quem dizemos "Até já" e, ao mesmo tempo, não sabemos se o "Adeus" que dissemos será assim tão definitivo...
Esta tarde fui passear a Putney.
Uma zona de Londres muito tranquila, muito bonita e, de certa forma, à parte do reboliço da grande cidade que a envolve. Uma zona de Londres habitada, maioritariamente, pela classe média londrina com todas as condições necessárias para satisfazer os desejos dessa mesma classe.
Putney tem uma ponta que, de forma original, foi apelidada de Putney Bridge.
Do outro lado da ponte, do outro lado do rebuliço de lojas de todas as cadeias internacionais possíveis e imaginárias e dos sinais de trânsito povoados por mães com os seus filhos ou autocarros cheios de pessoas que regressam do trabalho, existe um parque.
Um parque lindíssimo que acolhe o Palácio de Fulham.
Descobri este parque pela mão de uma amiga, uma das pessoas que me acompanha diariamente nas pequenas vitórias que tenho vivido e em todas as descobertas que faço diariamente.
No Palácio de Fulham descobri esta cadeira mesmo à minha frente.
Peguei na máquina e simplesmente tirei uma fotografia pensando nas inúmeras pessoas que gostava de ver ali sentadas, em frente a mim, a partilhar aquele momento comigo.
Gostava de te ver a ti para tomarmos um café dos nossos e partilhar inúmeros segredos em pausas de 5min que teimavam em não durar mais mas que nos faziam viver;
Gostava de te ver a ti para partilharmos segredos que não contamos a mais ninguém e para me sentir ainda mais acompanhada pela tua presença essencial e confortável;
Gostava de te ver a ti para me agarrares na mão e começarmos a correr pelo parque num misto de loucura pueril e necessidade consciente de liberdade que só tu me fazes sentir;
Gostava de te ter a ti para beber aquele copo de vinho que não bebo com mais ninguém e para comer algo de delicioso preparado especialmente para a altura que seria degustado ao sabor de uma longa conversa das nossas;
Gostava de te ter a ti...a ti que não consegui trazer!
Esta simples cadeira serve para fazer uma homenagem a todos aqueles que sempre me apoiaram, que sempre acreditaram em mim, que partilham este momento comigo e que fizeram de mim aquilo que sou hoje: uma mulher, e lamentavelmente já não uma criança, mas uma mulher feliz, com sonhos para realizar e uma vontade muito grande de vencer.
Gostava de VOS ter aqui!